quinta-feira, 12 de julho de 2012

Há pessoas que escrevem tão bem

eu cá gosto de gostar devagarinho, gosto que me vejam abrir a porta com os cabelos primeiro, depois com os olhos e no fim com o meu sorriso habitual. e de ser por mim que esperam. gosto de subir as escadas a saltar degraus, gosto de tocar, gosto de rir a meias, de tomar banho a meias, gosto de acordar com quem gosto, de descer ruas e cruzar rios, para ir outra vez adormecer nos braços de quem gosto. vivo muito mais do amor antigo do que este «à la carte» que ainda por cima agudiza as saudades e mata a coragem de matar as saudades de viva voz. dantes, as cartas a tinta permanente, em dobras macias e eternas, demoravam o tempo todo do Sol e da Lua a cumprir-se, mas guardavam-se no cantinho do coração e não havia delete que as arrumasse na poeira do tempo. tenho pena que este prazer digital asfixie o sabor da pele, a luz macia da voz, os gestos do olhar, premiando olimpicamente a pressa do tempo numa espécie de pombo-correio em voo picado telecomandado por nós, eternos fabricantes de sonhos..

leiam o resto do amor digital e digam se concordam comigo ou não

3 comentários:

J. disse...

Lindo e tocante! :)

soumaiseu.blogs.sapo.pt disse...

Para se escrever assim é preciso estar permanentemente inspirado... é preciso deixar-se tocar pelas coisas constantemente! Escrever assim não é difícil! Este estado de paixão constante por tudo o que nos rodeia é que é difícil.... Quando o conseguimos saiem textos destes! Brilhantes!

Dreamer Boy disse...

Ggostos não se discutem.
Mas, gosto dos teus gostos.
beijo.

 

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