sexta-feira, 1 de junho de 2012

1) O Verão da minha infância

Foto autoria da minha mãe, eu servi de modelo ;)
O Verão da minha infância era sempre passado em casa dos meus padrinhos em Coimbra, mais propriamente em Mucelão.
Ia de camioneta, quando as estradas ainda eram feitas de curvas e contracurvas, sozinha mas com todas as indicações e mais uma, entregue ao motorista, que sabia onde eu ia descer e quem me ia buscar.
Hoje em dia é inconcebível enviar uma criança assim, mas naquele tempo confiava-se mais nas pessoas, nas crianças, nos outros. Sem telemóveis, sem net, sem nada mais que um telefone fixo. A minha mãe que me ia deixar à tal camioneta de manhã, com 1001 recomendações, só quando chegava a casa, depois do trabalho, é que ligava para os meus padrinhos, que não tendo telefone já estavam perto de quem tinha, para saber se a sua menina tinha chegado bem.
Eram 3 meses de férias, de brincadeiras, de sol, de broa triga-milha feita especialmente para mim. Todos os dias uma bem fresquinha, deixada no saquinho de pão pendurado ao portão. 3 meses de pequeno-almoço na cama, de televisão a preto e branco, ligada apenas no horário do noticiário e que falta nenhuma de fazia.
Meses de banho de rio, passeios por entre vales, comer amoras selvagens doces e suculentas tentando sempre ver quem ficava mais “pintado”.
Lembro-me de ir buscar ovos e ter de tirar as galinhas lá de cima. De encontrar uma cobra amarela e dizer aos meus padrinhos que no galinheiro estava uma coisa comprida, a mexer-se e toda amarela.
Gostava de ver os pintainhos a nascer, de dar de comer às galinhas, de assistir à matança do porco, de fazer festas aos coelhos e de detestar quando os esfolavam (ainda hoje lhe sinto o cheiro). De utilizar os canais de rega como canais de navegação para os meus barcos de papel, de comer tomates ainda na rama, verdes mas que me sabiam pela vida.
Foram anos felizes, aqueles em que os meus verões eram lá, naquela casa que tinha a casa-de-banho contruída no pátio, e onde eu não ia de noite com medo. São recordações boas, que me aquecem o coração.
Gostava de poder voltar lá, mas os meus padrinhos já faleceram, a casa foi vendida e só vejo por fora. Continuam os brincos de cereja, que foram e serão sempre os meus brincos preferidos.
O Verão da minha infância foi simples, mas feliz e com pessoas que sempre me amaram e acarinharam.

5 comentários:

Sentada na ponta da lua disse...

Lindo texto, belas recordações!
Bjinho

Blog da Maggie disse...

belo modelito, quem diria que anos depois andariamos á volta com os problemas do peso e celulite, hi hi hi
Uma infancia feliz é o importante para nos tornarmos adultos felizes, tbém!

Bjos
Maggie

Tia São disse...

Divertiamo-nos com tão pouco... sem telemóveis, jogos, consolas, televisão! E eramos felizes! Tão felizes! Outros tempos, outras vontades, outros principios! Beijinho Noquitas!

Mamã Petra disse...

Era tão mais divertido e sem telefones, pc ou afins, saudades desse tempo.

Beijinhos

Turista disse...

Olá Nany, gostei imenso do teu texto! Porque espelha uma realidade que hoje, já não existe. Como tu bem o dizes: quem é que hoje em dia, deixaria uma criança viajar só, mesmo que muito bem recomendada?
E depois porque retratas tão bem os teus dias de vivência campestre, plena! :)
Adorei!

 

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