terça-feira, 22 de maio de 2012

Acerca do desabafo anterior

Já chorei, sofri, agora estou a querer esquecer.
Magoou mais a atitude do que a mudança. Se eu digo e repito as cosias várias vezes, ninguém ouve. Se digo que gostaria de ter este ou aquele hobbie, ninguém ouve, ou dizem onde vou arranjar tempo tendo tanta coisa para fazer? E ajudarem-me nas coisas e eu ter tempo?
Não foram os móveis, foram as palavras. Foi a atitude.
Todos os sábados tenho sempre companhia para almoço. Quer me dê jeito, quer esteja doente, quer tenha tempo, quer possa ou não. E não é uma companhia qualquer é uma companhia exigente, uma companhia que está sempre a dier: que a comida é sempre carne, que não está bem feita, que está atrasada, que está passada do ponto, etc e tal. Mas engulo, até porque acho que os meus filhos devem conviver com a família. Aqui chateia-me a atitude, de quem conhecendo bem a nossa realidade, sabe com o que pode contar tendo em conta as dificuldades que temos. Não é pela comida, que sabemos não ser barata, mas pelo desfazer na mesma. Faço-o porque uma das pessoas me é muito querida e tem sido sempre impecável com os meus filhos, tratando-os como os netos que não são.
Desisti dos móveis, mas decidi não desistir de outras coisas que me são importantes. Outras que pensei, ah têm razão, deixaram de ter. Tempo para mim existe sempre ou vai passar a existir. Incomoda o tempo dos outros? Paciência. Os únicos que não podem ser incomodados são os meus filhos.
Em relação ao marido, ele é um despassarado crónico para o que não lhe interessa, e se lhe dava abébias deixei de dar. A nossa relação é nossa e vai ter de passar a escolher batalhas, porque se eu tenho uma mãe chata e metediça, ele tem um pai de feitio especial.
Em relação à mãe, infelizmente já me deixei de muita coisa. Temos feitios diferentes e eu não sou daquelas filhas que anda sempre aos beijos à mãe, só que os mimos para ela, embora apregoando uns, depois cobra outros mais materiais e sabe bem onde e como magoar.
Noto-me mais fria, mais distante e também mais vazia. Procuro-me e tento encontar o meu equilíbrio. Parece-vos egoista? Talvez, mas depois de 35 anos a tentar agradar a Deus e ao Diabo, a gregos e troianos, a esforçar-me ao máximo e sempre ouvir que se fiz é porque: ou era da minha obrigação, ou não fiz nada de mais, ou está mal. Sem ter direito a uma palmadinha nas costas, ou a um incentivo que não tivesse por trás um ai quem me dera a mim ter as oprtunidades que tens, ou um não tens ambição nenhuma coitadinhos dos teus filhos, para não dizer mais, cansei. Estou cansada e desisti de lutar. De tentar explicar que o que é importante para mim também conta, e se levo em consideração coisas que os outros acham importantes, também devem de ter em atenção as minhas coisas, mesmo que as achem irrisórias.
Não desito dos meus filhos, nem de mim, mas a partir de agora faço porque tem de ser, se querem mais metam a mão na consciência que eu de professora tenho o curso e não a profissão.
Desculpem o desabafo.

4 comentários:

Mamã Petra disse...

Já escrevi aqui um comentário que demorou 30 minutos a escrever, mas apaguei e só te quero dizer, que sei muito, mas muito bem o que sentes, hoje em dia sou o resultado de um dia me ter revoltado, e sou muito mais feliz. Gosto mesmo muito de ti e acho que és uma mulher/mãe fantástica, não te aborreças e nem deixes de fazer nada por quem não te merece, a familia infelizmente não se escolhe. Se precisares manda um email e falamos mais. Beijinhos grandes.

Tia São disse...

A Petra tem razão! Tu és muito mais do que aquilo que te dizem ser! És a minha melhor amiga e tenho muito orgulho em te ter como tal e em te ter conhecido! Quanto à tua mãe sabes que te entendo a 100% porque infelizmente tenho uma igual em casa e sei bem como elas nos podem magoar. A familia não se escolhe, é certo, mas quando somos filhas únicas tambem nao se pode renegar! Se seriamos mais felizes depois de nos revoltarmos como diz a Petra, talvez sim... ou talvez não... Por muito injusto que seja há que aguentar! Já que mais não seja porque são nossas mães! Eu desenvolvi protecções em volta de mim, como tu dizes, ficamos mais frias, mais distantes, mais duras... são só capas, porque para todos os outros continuamos a ser quem somos verdadeiramente! É pena que as nossas mães não nos consigam dar espaço para podermos ser assim também com elas... Consola-me a certeza que um dia esta guerra irá acabar! Veremos até que ponto me sentirei liberta! Bjinhos!

Violet disse...

Felizmente com o "meu lado" não tenho absolutamente problema nenhum. A minha mãe é a melhor mãe e a meçhor avó que se pode desejar! Dá tudo e não pede nada em troca e nunca cobra nada! E o que ela nos ajuda!! Agradeço todos os dias a mãe que tenho e peço ajuda para ser tb eu a mãe que ela é e ajudar as minhas filhas como ela me ajuda a mim!
Já do outro lado.... "Jasus"! A relação é muito muito complicada... e o que se ganhou foi afastamento. Claro que 1h30 de viagem de caminho ajudam, mas eu não permito que entrem na minha vida ou das minhas filhas pessoas egoístas, que gostam para inglês ver, que dão prendas para dizerem que dão, que são incapazes de telefonar só porque sim, mas fazem questão de telefonar numa data marcada só para dizer que naquele dia telefonaram (não pq realmente queiram saber delas). Não é por as pessoas serem família que vou permitir certas e determinadas coisas. Respeito, falo, converso. Mas não partilho não confidencio. E essa coisa da obrigatoriedade para mim tb tem limites :/ se me querem tirar do sério é espetarem-me com essas obrigações de almoços/visitas familiares.. Já para não falar que se mudassem a minha mobília do sítio sem a minha autorização o mais certo era ganharam um bilhete de saída da MINHA casa! Mas pronto, eu tenho mau feitio!

Tia São disse...

Tinha decidido não responder, mas o sangue começou a ferver-me mais do que devia! Não falei em obrigatoriedade no sentido em que foi referido, só não entende quem realmente nunca esteve nos nossos sapatos ou simplesmente não quer chegar lá... Desengane-se quem pensa que quem é permissivo com uma mãe abelhuda permite que ela mande na nossa vida, na nossa familia, nos nossos filhos! É precisamente o contrário... conseguimos ser tão firmes como qualquer outra pessoa, simplesmente optamos por fazer as coisas de maneira diferente, porquê ir contra a maré e enfrentar uma tempestade se posso ir calmamente pela costa e ainda assim chegar à outra margem? Não aturamos mães destas só porque são de familia, aturamo-las porque sim, porque são nossas mães, porque a educação que nos deram não nos permite simplesmente virar-lhes as costas... e porque elas podem ser o que quiserem, mas são excelentes avós (pelo menos no meu caso e da Nany), e nós não temos o direito de privar os nossos filhos desse convivio! Este tipo de relacionamento incomoda os mais rebeldes? Há uma coisa que se chama respeito... francamente estou um bocadinho farta de ser julgada! Cada qual é como quem é! Ainda podia dizer muito mais mas dou por encerrado este assunto! Nada mais direi até porque não tenho que me justificar! Noquitas, desculpa o desabafo, mas pelo menos tu sabes bem como sou! Teve que ser! Bjinhos!

 

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