Felicidade / Alegria



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 Muitas coisas me fazem feliz, mas nem todas me trazem alegria.
Dei por mim a pensar que sou feliz com pouco, que é fácil agradarem-me o que até não é mau de todo, mas alegria pura, aquela verdadeira é uma coisa diferente. Não acho que se consiga ser alegre todo o tempo, sempre, até porque momentos menos bons todos temos e acontecem sempre, o que acho é que as pessoas optimistas são mais alegres e eu, se sou optimista em relação a todos sou uma excelente pessimista em relação a mim.
De repente, na minha cabecinha faz-se um click. Porquê sou tão pessimista em relação a mim? Porque raio é que duvido sempre das minhas capacidades e acho que devo contentar-me com o suficiente, com o pouco porque para quem é bacalhau basta. Então resolvi por um basta, aos poucos, mas um basta.
35 anos de existência não se mudam do dia para a noite, não se consegue deitar assim e acordar assado, mas vou tentando dar todos os dias um pouco de comer á alegria. Dias virão em que a coitada passará fome, mas se não forem muitos pode ser que se aguente.
Aos poucos vou fazendo aquilo que me deiza feliz: ler um pouco, ver uma séria de tv, brincar, fazer puzzles, pintar com o meu filho. Não quero ser egoista e descurar o resto, mas percebi assim como quem leva uma enorme estalada em que os dedos ficam marcados e bem, que o meu estado de espírito condiciona aqueles que amo. Por mim e por eles, mas principalmente por mim, quando me sinto a cair, a ir abaixo a sério, tento parar, respirar e se for preciso fugir para chorar e ganhar fôlego.
Começo a perceber que não tenho de ter sempre um sorriso, estar sempre bem só porque os outros acham que não tenho problemas. Cada um sabe de si e Deus sabe de todos, e respostas como: "aonde é que vais arranjar tempo para te dedicares ao crochet, se tens 2 filhos, uma casa, trabalho e um marido" é uma daquelas que fez acontecer o click.
Não vou mudar de repente, vou fazendo pequenas alterações, pequenas introduções. Sei que se der um passo à frente provavelmente também darei dois atrás. Se vou conseguir? Pois não sei. Velhos hábitos são difícieis de perder. Sei que não me vou dedicar ao crochet só por pirraça e porque tem de ser já e agora. tenho de levar com calma, orientar outras coisas, pessoas e principalmente sentimentos, depois vem o crochet, a malha, o que seja.
Faço é um compromisso comigo mesma, pensar em mim 5m por dia não é egoismo, egocentrismo ou pecado. É normal e não mata ninguém nem trás mal ao mundo. E o pensar pode ter várias interpretações, desde a cor do verniz que quero usar, a deitar-me mais cedo ou a tomar um banho mais demorado, ou mesmo naquilo que vai cá dentro e principalmente na melhor forma de o por para fora sem magoar ninguém.
Mudar magoando e pisando é egoismo e maldade. Não é isso que quero. Sinto e sei que as coisas têm de mudar, mas não à custa de ninguém.